quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Só comigo?

Andei lendo uns posts de blogs de mães que, peito cheio de amor e assuntos, abrem o coração para partilhar suas experiências. Desabafos, como os tantos que costumo fazer. Em todos os que li, me identifiquei em um, muitos ou todos os pontos e fiquei menos "nervosa" com meus próprios pepinos.

Me vi na obrigação de partilhar o que ocorreu esta manhã - e desde logo dizer que não foi a primeira vez.

Acordei cedo, como sempre, cheia de tempo até meu compromisso: levar Pimentinha à escola.

Fiz as mamadeiras, meu café e começou o dia.

"Mamãe, não quero ir na escola". "Mamãe, quero ir de 'titido' (=vestido)", "Mamãe, quero levar 'thuthu' (=suco)". E por aí foi.

Pendengas e churumelas resolvidas, tudo pronto, estamos na hora, Pimentão resolve 'brindar' a fralda. Estamos atrasados.

Fralda vapt-vupt trocada, todos no elevador, me deparo com o espelho. Vem a depressão e o desespero: esqueci de pentear o cabelo, o sutiã está aparecendo e a roupa está manchada. Não dá tempo de trocar, com a minha cara de sempre ("saí correndo, sou mãe de dois e minha vida é louca") sigo pro carro.

Todos nas cadeirinhas, pego a estratégica escova que deixo no porta-trecos e penteio metade do cabelo. Está mega embaraçado e não dá tempo de desembaraçar tudo. Enrolo no coque (meu cabelo já até conhece o caminho) e penso: "óculos só é símbolo de intelectual quando o trabalho é no ar refrigerado, porque no calor é símbolo de 'não-deu-tempo' (de colocar a lente, passar um lápis de olho, lavar bem o rosto, passar qualquer creme anti-rugas etc e tal)".

Sigo em frente.

Na rua da escola, mais um problema: vaga. O jornal cansa de "criticar" fila dupla, mas me peguei pensando no que fazer naquele momento.... Andar na rua com um filho no colo, mochila de rodinhas pendurada no ombro, filha grudada na mão e horrorosa - lembrem do rosto descrito acima - numa rua com academia? Hahahaha Nem a pau! Parei em fila dupla.

Pimentinha nas mãos da professora, eu correndo de volta pro carro, percebo que Pimentão dormiu. Ferrou! Dormindo no carro, acorda em casa. Não deu outra.

Minha manhã de silêncio, meu banho relaxante, tudo por água abaixo.

Com Pimentão engatinhando pra cá e pra lá, fiz comida, varri, lavei roupa, pendurei, arrumei casa, dei almoço a ele e, lógico, não deu mais tempo pra nada.

"Vamos buscar a irmã?", pergunto eu para meu pequeno.

Não, não penteei o cabelo. Fui pra escola passando a mão e refazendo o maldito coque no sinal. Pensei em todas as criaturas da academia da rua da escola de Pimentinha que, suadas, mantém o cabelo arrumado. E olha que eu estava muito mais suada e cansada. E era apenas meio dia.

Fila dupla de novo, corrida envergonhada de novo, me achando ridícula de novo, entrei no carro. "Espero que o Harry Potter me empreste a capa de invisibilidade alguma hora", pensei.

Já começava o "turno da tarde".



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Cata-Vento de Pimentinha

Quem acompanha a trajetória sabe que Pimentinha, quando ainda era Tutuzinha (aprendendocomtutuzinha.bebeblog.com.br), cismou com um carésimo cata-vento num flora que fomos.... O tal objeto desbotou no sol, perdeu partes e teve seu destino óbvio: lixo.

Enfim, hoje de manhã víamos "Ni Hao Kai Lan" quando a infeliz resolveu fazer um cata-vento. Eis que Pimentinha vira-se para mim: "mamãe, qué cata-vento"... Ferrou.

Eu tentei várias saídas: faz um na escola, depois a mamãe faz, mamãe não tem tachinha... Tudo para não assumir que "mamãe simplesmente não sabe fazer um cata-vento.

Insistente que só, buzinou uma hora no meu ouvido (eu já odiando a Kai Lan). Joguei no São Google e fui para a aventura.

De fato, eu não tinha tachinha. Apanhei cerca de meia hora para descobrir o que colocar no meio, roubei um palito das plantas, entortei um clip de papel e fiz o tal.

Decorei com florzinhas me sentindo "A Art Attack". Feliz e contente, dei pra ela.

Ela olhou, soprou, meteu a mão, amassou, dobrou, desdobrou e, em míseros minutinhos, jogou minha obra longe, destruída.

Fim.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quando pari, polvo renasci.

É uma rima feia, mas real...

Dia desses, fui levar Pimentinha na escola e a mãe de um coleguinha se espantou por eu ter duas cadeirinhas no banco de trás do carro. Ela me perguntou como eu fazia pra "dar conta" de dois.

A resposta veio da diretora, que participava do papo: "mãe tem várias mãos, mas mãe-de-dois é polvo".

É mais ou menos isso mesmo. Não sou forte pra levantar halteres, mas seguro firme um filho em cada braço. Muitas vezes, carrego Pimentão no braço e Pimentinha pendurada nas costas ("cavaio" como chamamos a brincadeira - cavalo). Além dos dois, por vezes carrego mochila e bolsa, além do guarda-chuva em dias como hoje.

Sim, meu dia é insano. Dificilmente eu vejo tevê, passo um bom tempo "tentando" chegar pra banheiro pra fazer xixi, tomo banho em 5 minutos como entra-e-sai de criança. Zelo pelos raros minutinhos de silêncio. Costumo deitar exausta, com sensação de dever cumprido.

Mas, observe, tudo planejado pra ser assim.

Às vezes, consigo escrever no blog.

E sigo em frente.



Coração Apertado

Todo o pesar do incêndio em Santa Maria trouxe uma leva de reportagens sensacionalistas. Repórteres interessados em esmigalhar o já destroçado coração das famílias, esgotam perguntas do tipo: "você lembra o que seu filho comeu antes de ir pra Kiss?" ou "ele era alegre?". Fala sério. A maioria era jovem, estudante de Universidade. Poderiam até estar tristes no dia, terem brigado com os pais ou terem comido junk food. São reportagens que não reportam, não informam. Qualquer coisa dita sobre eles não os define, não ameniza a dor, não justifica, não conforta.

Santa Maria nunca foi tão "procurada" no Google. Turismo virtual de tragédia.

Caí no erro de ler uma dessas reportagens. Já tenho pouca coisa pra ler (sic!), mas resolvi ler a infeliz da reportagem, esperando entender o que ocorreu. Idiota.

Me deparei com relatos emocionados. Pra mim, mãe de dois, o pior foi ler da mãe que perdeu os dois: um casal de filhos.

Danei a chorar. Pedi a Deus que nunca aconteça nada assim com os meus. Pedi justiça.

Infelizmente, "dar a cada um na medida do prejuízo" é justiça impossível. Rui Barbosa não pensou nessa possibilidade: o que é "a medida" da perda dessa mãe?

Com olhos debulhantes, abracei apertado minha dupla de Pimentas e repeti que os amo. Mais do que tudo no mundo.

Que Deus acalente os corações das famílias com amor e esperança.