domingo, 7 de abril de 2013

Vida seguindo, vida parada

Anos se passam e me sinto estagnada.

Há cerca de 3 1/2 anos, fiz uma escolha. Guardei em uma gaveta sonhos, idéias, planos e decidi me dedicar à maternidade.

Ao longo desse tempo, vivo sentimentos complementares e conflitantes, necessariamente.

Muitas vezes, me sinto perdida num tempo e espaço inócuos. Vejo naquela tabela x e y apenas uma linha reta. O tempo passa, mas meu espaço no mundo não muda. Não acrescenta, não cresce. Vejo pessoas ao redor com suas vidas repletas de sucessos e fracassos, novidades e dinamismo, lugares e networking. E eu? Na mesma.

Muitas vezes, me sinto vitoriosa e abençoada. Tive uma chance que poucas tiveram de me dedicar às crianças. Vivi todos os seus primeiros momentos. Fiz minhas próprias lembranças e me orgulho de - eu acho - ter feito um bom trabalho.

Esses sentimentos se alternam ao longo do dia. Sou isso e aquilo, quando não os dois ao mesmo tempo. Feliz de ter podido viver algumas coisas, infeliz de ter deixado de viver outras.

Sim, eu amo as Pimentas mais do que tudo. Cada sorriso, cada passo deles; cada dúvida minha sobre a educação ideal; tudo é reconfortante e me aquece o coração.

Mas cada vez que olho para a mulher que ora escreve, não vejo novidades. Nada. Não sou bem sucedida profissionalmente, não alcancei todos os meus sonhos (cada vez mais distantes), não sou linda e magra.

Agora, estou nesse momento. Contemplei o espelho que não muda. E há tempos não ouso lhe perguntar se existe alguém mais bela do que eu....

Febre, gripe, alergia e nebulização

Pobre, Pimentão! Depois de resistir heroicamente ao resfriado de Pimentinha, resolveu ter uma crise alérgica braba! Resultado: nebulização!

E pra segurar um bebê de 9 meses com máscara e fumaça? São os 15 minutos mais longos do meu dia!

Felizmente, resolveu.

Não, não vou dar nome de remédio. Tem maluco pra tudo na internet e não quero nenhum louco medicando criança sem consultar o médico.

Sei que resolveu. E, pelo jeito, só soro ajuda muuuuito também!

Pimentinha está bem. Teve, depois do resfriado, um febrão. Garganta. Pela primeira vez em 2 anos e 7 meses, minha menina teve que tomar antibiótico. Sem querer me gabar, mas já fazendo, devo estar agido certo já que ela ficou esse tempo todo longe deles (antibióticos).

Sigo em frente. Pensamentos a mil, dia a mil, vida a mil. Ainda submersa na massante rotina 24 X 7 de quem resolveu ser "mãe exclusivamente".



segunda-feira, 18 de março de 2013

Momento de silêncio...

Mais uma vez, a correria me afastou dos meus desabafos.

Cansada, submersa na rotina das crianças, não tenho tempo nem de ler jornal. Fiquei apoplética com a história do Ades. Mais ainda porque dias antes havia comprado algumas caixinhas para Pimentinha levar no lanche. Joguei tudo fora.

Na TV, basicamente, programas infantis. Nunca vi tanta televisão. Honestamente, nem gosto muito de ver televisão...

Quando faz-se o silêncio dos olhos dorminhocos, minha cabeça prefere fazer silêncio. No máximo, música instrumental.

Choro de criança, fralda, alimentação adequada, horários, manhas, pedidos, lamúrias.... E eu? Consumida. Sumida.

Não é sofrimento. É padecimento.

Não é paraíso. É realidade.

Volto assim que conseguir ouvir meus próprios pensamentos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Dona da Casa

Estive em uma médica no outro dia e, quando perguntada sobre "profissão", hesitei: "advo...? mãe...? do lar....?". Ela entendeu.

Saí de lá pensando: "qual é a minha profissão?".

Por muito tempo, fui preconceituosa com as mulheres que abandonavam tudo pra gerir a casa. Julguei, imatura, e me arrependo. Quando é opção própria, apóio.

Sou "dona da casa". Não "dona de casa". Sou responsável por tudo na gerência do lar, dos gastos aos cortes, do cuidado com os filhos à elaboração do Imposto de Renda do marido, dos consertos às quebrações, das consultas com médicos aos presentes. Conto com a ajuda semanal de uma diarista, que limpa e passa a roupa. O resto, mantenho.

Faço comida, lavo roupa, arrumo o furdunço das brincadeiras, varro diariamente a casa (às vezes mais de uma vez), cuido da prole. Meu dia é insano e a noite, muitas vezes, também. Eu simplesmente não páro.

Sou formada em Direito e pós-graduada, fui professora, sou advogada, mas seleciono muito bem os processos que valem a pena.

Por muito tempo, tive crises e problemas para pedir dinheiro ao marido para comprar o que eu quisesse. Não tenho mais: o dinheiro é nosso.

Por opção, engravidei da primeira filha e pedi demissão do escritório em que trabalhava e assumi o posto de mãe e "do lar". 24 X 7, sem férias e feriados, sem remuneração.

Não hesito mais.

PS. Vale ler: donasdecasaanonimas.com

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Só comigo?

Andei lendo uns posts de blogs de mães que, peito cheio de amor e assuntos, abrem o coração para partilhar suas experiências. Desabafos, como os tantos que costumo fazer. Em todos os que li, me identifiquei em um, muitos ou todos os pontos e fiquei menos "nervosa" com meus próprios pepinos.

Me vi na obrigação de partilhar o que ocorreu esta manhã - e desde logo dizer que não foi a primeira vez.

Acordei cedo, como sempre, cheia de tempo até meu compromisso: levar Pimentinha à escola.

Fiz as mamadeiras, meu café e começou o dia.

"Mamãe, não quero ir na escola". "Mamãe, quero ir de 'titido' (=vestido)", "Mamãe, quero levar 'thuthu' (=suco)". E por aí foi.

Pendengas e churumelas resolvidas, tudo pronto, estamos na hora, Pimentão resolve 'brindar' a fralda. Estamos atrasados.

Fralda vapt-vupt trocada, todos no elevador, me deparo com o espelho. Vem a depressão e o desespero: esqueci de pentear o cabelo, o sutiã está aparecendo e a roupa está manchada. Não dá tempo de trocar, com a minha cara de sempre ("saí correndo, sou mãe de dois e minha vida é louca") sigo pro carro.

Todos nas cadeirinhas, pego a estratégica escova que deixo no porta-trecos e penteio metade do cabelo. Está mega embaraçado e não dá tempo de desembaraçar tudo. Enrolo no coque (meu cabelo já até conhece o caminho) e penso: "óculos só é símbolo de intelectual quando o trabalho é no ar refrigerado, porque no calor é símbolo de 'não-deu-tempo' (de colocar a lente, passar um lápis de olho, lavar bem o rosto, passar qualquer creme anti-rugas etc e tal)".

Sigo em frente.

Na rua da escola, mais um problema: vaga. O jornal cansa de "criticar" fila dupla, mas me peguei pensando no que fazer naquele momento.... Andar na rua com um filho no colo, mochila de rodinhas pendurada no ombro, filha grudada na mão e horrorosa - lembrem do rosto descrito acima - numa rua com academia? Hahahaha Nem a pau! Parei em fila dupla.

Pimentinha nas mãos da professora, eu correndo de volta pro carro, percebo que Pimentão dormiu. Ferrou! Dormindo no carro, acorda em casa. Não deu outra.

Minha manhã de silêncio, meu banho relaxante, tudo por água abaixo.

Com Pimentão engatinhando pra cá e pra lá, fiz comida, varri, lavei roupa, pendurei, arrumei casa, dei almoço a ele e, lógico, não deu mais tempo pra nada.

"Vamos buscar a irmã?", pergunto eu para meu pequeno.

Não, não penteei o cabelo. Fui pra escola passando a mão e refazendo o maldito coque no sinal. Pensei em todas as criaturas da academia da rua da escola de Pimentinha que, suadas, mantém o cabelo arrumado. E olha que eu estava muito mais suada e cansada. E era apenas meio dia.

Fila dupla de novo, corrida envergonhada de novo, me achando ridícula de novo, entrei no carro. "Espero que o Harry Potter me empreste a capa de invisibilidade alguma hora", pensei.

Já começava o "turno da tarde".



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Cata-Vento de Pimentinha

Quem acompanha a trajetória sabe que Pimentinha, quando ainda era Tutuzinha (aprendendocomtutuzinha.bebeblog.com.br), cismou com um carésimo cata-vento num flora que fomos.... O tal objeto desbotou no sol, perdeu partes e teve seu destino óbvio: lixo.

Enfim, hoje de manhã víamos "Ni Hao Kai Lan" quando a infeliz resolveu fazer um cata-vento. Eis que Pimentinha vira-se para mim: "mamãe, qué cata-vento"... Ferrou.

Eu tentei várias saídas: faz um na escola, depois a mamãe faz, mamãe não tem tachinha... Tudo para não assumir que "mamãe simplesmente não sabe fazer um cata-vento.

Insistente que só, buzinou uma hora no meu ouvido (eu já odiando a Kai Lan). Joguei no São Google e fui para a aventura.

De fato, eu não tinha tachinha. Apanhei cerca de meia hora para descobrir o que colocar no meio, roubei um palito das plantas, entortei um clip de papel e fiz o tal.

Decorei com florzinhas me sentindo "A Art Attack". Feliz e contente, dei pra ela.

Ela olhou, soprou, meteu a mão, amassou, dobrou, desdobrou e, em míseros minutinhos, jogou minha obra longe, destruída.

Fim.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quando pari, polvo renasci.

É uma rima feia, mas real...

Dia desses, fui levar Pimentinha na escola e a mãe de um coleguinha se espantou por eu ter duas cadeirinhas no banco de trás do carro. Ela me perguntou como eu fazia pra "dar conta" de dois.

A resposta veio da diretora, que participava do papo: "mãe tem várias mãos, mas mãe-de-dois é polvo".

É mais ou menos isso mesmo. Não sou forte pra levantar halteres, mas seguro firme um filho em cada braço. Muitas vezes, carrego Pimentão no braço e Pimentinha pendurada nas costas ("cavaio" como chamamos a brincadeira - cavalo). Além dos dois, por vezes carrego mochila e bolsa, além do guarda-chuva em dias como hoje.

Sim, meu dia é insano. Dificilmente eu vejo tevê, passo um bom tempo "tentando" chegar pra banheiro pra fazer xixi, tomo banho em 5 minutos como entra-e-sai de criança. Zelo pelos raros minutinhos de silêncio. Costumo deitar exausta, com sensação de dever cumprido.

Mas, observe, tudo planejado pra ser assim.

Às vezes, consigo escrever no blog.

E sigo em frente.